Modelo certo do carburador

Caro MarcaoF,

   Já tive uns 5 ou 6 Mercedes com esse tipo de carburadores, conhecidos como Zenith bijet. Desde os modelos 220S, 230S até ao 250 W114 carburada, todos eram iguais, variando somente a medida dos gigleurs e creio que o diâmetro dos difusores. Parece-me muito difícil que encontre novos para comprar. Basicamente qual é o problema dos seus carburadores? Geralmente eles sempre têm conserto. Empenos são comuns, principalmente na tampa, causando entradas falsas de ar ou fugas de gasolina, mas são facilmente resolvidos com o uso de juntas de papel mais grosso e que podem ser feitas à mão compensando os empenos. Tive um Mercedes que apresentava folga nos eixos das borboletas, não dava regulagem de marcha lenta de forma alguma. O problema foi resolvido por um torneiro que fez umas buchas novas. Ainda existe no mercado o Kit de juntas, diafragmas e etc. para esses carburadores. O nosso confrade f_zechetti ainda há pouco tempo levou o carburador dele, um Solex 4A1, para conserto em uma oficina em S. Bernardo do Campo-SP chamada RafTec, e que segundo ele são mestres em conserto e recuperação de carburadores, até mesmo os mais danificados. Acho que vale a pena tentar eles, ainda mais que são recomendados pelo Zechetti, ou então tentar junto a um fornecedor/importador recomendado pelo Fórum, embora ache que uns novos vai ser dfícil de encontrar sem falar no preço... $$$.

Abraço, Rui.

 Marcao, para ser honesto, comprar carburadores usados via Uruguai sem os verificar visualmente primeiro, é quase como trocar "seis por meia dúzia". Tudo bem que os atuais possam ser melhorados com a doação de peças dos comprados usados, ou vice-versa. Com quase 30 anos de experiência em carros com esses carburadores, e como não poderia deixar de ser, tive muitos problemas com eles pela idade, uso, acumulo de sujeira, etc... 

   Em todos eles, os pistões estavam sempre com aquela saia de borracha ressecada e por vezes fissurada, mesmo assim, ainda injetavam gasolina. 

   Existe no fundo do cilindro que aloja o pistão, algo parecido com um gigleur, mas que na verdade é uma pequena válvula que fecha o retorno de gasolina para a cuba, obrigando-a a sair injetada pelo que aqui no Rio chamam de "chuveirinho". 

   Bom... essa válvula é danada para não vedar, seja pela presença de sujeira ou por uma ferrugem quase imperceptível numa esfera de aço (ou ferro), isto graças à excelente qualidade de gasolina que consumimos no Brasil, aditivada com álcool. Essa esfera fica alojada dentro dessa válvula. Pode fazer o teste desaparafusando a válvula e soprando por ela, num sentido não passará nenhum ar, no outro o ar passa livremente. Recordo-me que essa válvula tem uma pequena arruela de encosto pra reforçar a vedação. 

   Quando a válvula não veda, o pistão devolve a gasolina para a cuba, e o resultado disso sempre foi, nos meus carros, uma hesitação de resposta à aceleração seguido muitas vezes de um rater ou estampido seco pelo carburador. Não sei se este é o seu caso.

   Outra dica que me ensinaram na autorizada na época, e que é muito útil, após a limpeza dos carburadores, para os regular, feche completamente o parafuso da marcha lenta, abra-o dando duas voltas e meia certas, isso igualmente em cada carburador.

   Para regular as borboletas de alta velocidade, retire os bracinhos que movem as borboletas deixando que elas encostem por completo, coloque os bracinhos mantendo de forma que elas continuem encostadas, depois vá abrindo as borboletas da alta dando só uma volta no parafuso que fica no meio dos bracinhos. Essa volta deixa-as na medida de abertura certa, que não me lembro se são 5 centésimos de milimetro, mas o importante é que após montar os carburadores, eles estão praticamente regulados e equalizados.

   Abraço, Rui

   Marcao, a borboleta que falta em cada um deles, é a do chamado afogador automático, de pouca ou nenhuma importância para o nosso clima no Brasil. Acho que nem nos dias mais frios de S. Paulo ela tem alguma utilidade e só serve para o carro gastar mais gasolina até atingir a temperatura normal de funcionamento. Elas ficam conectadas por uma haste metálica ao também chamado conjunto térmico bimetálico, que ainda se vê presente na primeira foto, na parte inferior e com a referência HUN37(?). Tem um terminal positivo que aquece uma espiral térmica bimetálica, dilatando-a até abrir a borboleta do afogador na posição vertical (90º). Na parte traseira dessa resistência térmica existe uma meia-lua com uns degrauzinhos. Á medida que a espiral dilata, pela ação do calor produzido pela corrente elétrica recebida pelo terminal elétrico e que também se vê na foto, ela vai girando e fechando a borboleta de aceleração (a de baixo) até desacelerar o motor, isto quando ele atinge a temperatura de funcionamento. Aqui no Rio todos os que eu vi, e os que eu tive, em princípio usavam a borboleta do afogador inicialmente completamente aberta, e a tampinha que tem a inscrição HUN37 numa posição que mantivesse a meia-lua na posição mínima, a de descanso da borboleta de aceleração. Pela segunda foto vê-se que os carburadores estão bem mexidos, com uma barra de metal aparafusada nas bocas do carburador, que no meu entender não sei o motivo desse "gato" isso deve ser resultado de serviço feito por algum ANALFABENZ. No mais, não se preocupe com a ausência das borboletas do afogador, ela são úteis para temperaturas muito baixas. Esse sistema de afogamento automático é muito conhecido nos carros alemães e até nos nossos VW,  e familiar a qualquer mecânico aqui no Brasil.

   Abraço Rui